Saturday 28 February 2009

FETUS


Vivemos para extinguir o egotismo:
Na valsa moderna da epidemia neurótica;
No medo da morte e da avidez erótica;
Na farsa inócua do desespero pela solidão.
Calados.
Desesperamos, timbrados,
A jactância animal
Despertamos os finados
Do externo espectro colossal.
E o figurativo corte vulgariza
O suicídio da humanidade
E do niilismo generalizado.

Porquê, esquizofrenia infiel,
Seres ímpios rastejam pela inoperância? –
Mecanismo de defesa inalterável.
Um sórdido amontoado de pele
Onde agulhas embalam, habituais,
O remédio que locupleta de mel
As eternas veias dos nossos Pais.

Valquíria

Joven virgen autosodomizada por su propia castidad, Salvador Dalí, 1954

Muchacha en la ventana, Salvador Dalí, 1925

Post publicado n'O Bar do Ossian

Tuesday 24 February 2009

PLACEBO


Protège moi, Placebo live in Paris, 2003

Saturday 14 February 2009

FRACÇÕES



The Rape, Edgar Degas, 1869


Não discerniu a exactidão do tempo, da força. Exemplarmente, descontinuou a precisão da carne em detrimento do espectacular exemplo da finitude. Mendigou-lhe a palavra, Classifica-nos!, Não podes simplesmente negar-me, Puta! – Cospe-se. A cobra rasteja perante o linear amiudado da feminilidade da imolada, Detestável excremento! Detestável feminilidade a minha, pureza de beleza anulada – [Choro interior]. Sangue, poderoso sangue, negro, espesso e vivo sangue. Pernas balançam, tremem, limpam-no. Água orvalhada dissolve-se na pele amortecida de palidez, Impetuosos sinistros meus, meus, meus. O transgressor temeu as consequências do próprio acto perpetrado no instante passado. O livro de desgraças identificativas. Velhas escadas rangentes separam existências. A esclerótica amarelada de doença revoltou-se na órbita, a mirada desconhecida. Abominável memória.

Valquíria



Twin Peaks - Fire walk with me, David Lynch, 1992