Pessoas, pequenas colunas, gatos passam, desfeitos os pedaços gastos elaborados pela precisão. Eloquentemente acumulados os despojos estratégicos da virtude desesperada e o ritual hipnótico mecânico. Até isto é um castelo!
Depois.
Em cubos enormemente microscópicos, aniquila-se o senso de indigência em disfarçados passos sem concatenação, quando é óbvia a necessidade, se militantes sensores da lei impedirem um túnel venoso. E as individualidades cadavéricas de amarelo descorado afiguram-se a formicídeos. Passam em ruas-edifício envelhecidas pela erosão do tempo que passa demasiadamente rápido. Filas oficiosas aguardam a sopa dos pobres paga com sangue.
Antes.
De forma ridícula, distingue-se no filme a fina linha fronteiriça entre a realidade e os toscos cenários. Abstracção. Objectos familiares são rigores absurdos, imprescindíveis objectos de transposição por um mal maior. Na prata amolgada repousa o pó - tenuíssimas partículas de beleza infinda - e só isso brilha, polvilhado o mundo de descontentamentos muitos.
A vida é um mundo de olhos descontentados.
Estes repousam em cafés aguados. Repousamos cadeiras húmidas. E o homem de barbas velhas estende a manga pedinte rasgada que descobre a ponta dos dedos. E dedilhamos níquel em relevo, desconhecida a verdade que se trata afinal da terra que nas eventualidades do tempo o cobrirá. E mudos porque não queremos saber que não quereremos.
Porque o tenebroso olhar dos estranhos esconde habitualmente a nossa morte.
E as mãos. Disse porque se abstrai da própria pobreza. Porque receia este ser o seu reflexo, oferece ambíguas miudezas. A sobreposição das mãos é criatura do medo.
"Para uma civilização, não é a técnica que representa o verdadeiro perigo, é a inércia das estruturas."
ReplyDelete(Louis Armand)
“E mudos porque não queremos saber que não quereremos.”
...e cegos e surdos... Gostava de ter palavras para comentar, mas não tenho... li-te.
As cavidades guardam miragens, recantos com espelhos onde se vestem fantasmas de zombies, onde os olhos são dedilhados em pesadelos, aglomerados de sensibilidades onde a velhice repousa soluçando a imobilidade transparente
ReplyDeletea árvore as nascer das raízes
ReplyDeleteentre as pequeníssimas fendas.
ténues fendas
num muro
(que é afinal um buraco entre as coisas,
onde podem penetrar criaturas foragidas)
escorado provisoriamente pela permanência sanguínea das palavras
("o tenebroso olhar dos estranhos"... tão familiar)
ps: UNHEIMLICH
Sim, não são os êxtases do abstracto, nem as maravilhas do absoluto que podem encantar uma alma que sente: são os lares e as encostas dos montes, as ilhas verdes nos mares azuis, os caminhos através de árvores e as largas horas de repouso nas quintas ancestrais, ainda que as nunca tenhamos. Se não houver terra no céu, mais vale não haver céu.»
ReplyDeleteLivro do Desassossego, fragmento - Fernando Pessoa.
Valquíria:
ReplyDeleteListe tuas dúvidas para saber se eu consigo ajudar-te. Teu template é clássico ou o novo modelo? Tentaste inserir os códigos e não deu certo?
Diga-me tudo que ocorreu quando tentaste fazer o combo.
Beijinho.