Tuesday 21 September 2010

MORTALHA CAPITAL



Ars Moriendi, Joel-Peter Witkin, 2007

No momento em que poderei ser terra, larvas, putrefacção, abstrair-me-ei da vida, sem saudades das linhas garridas de fontes inférteis, distante das ignomínias coléricas.

Pintadas de vultos as entidades automatizadas dançam na psicose da inteligência despovoada; são alcoólicos narcotizados! Ressaltam as linhas distorcidas dos seus rostos com maquilhagem grotesca, e ignoram a beleza aprazível da qual se alimentam as hostes selvagens. Esse exército de inimigos, fiéis conturbados, favorece ignobilíssimos apocalipses da gnose individual.

Riu-me, sarcástica.

Cumpliciaremos no violento homicídio selectivo da mente. Compareceremos, depois, na cerimónia fúnebre deste espectro, como calibrados idiotas masoquistas que, com dissimulada cobardia, se mascaram de véus secos de pranto. Cinicamente, no sucessivo tempo, limparemos as campas áridas com nossas lágrimas abjectas. Somos detestáveis seres, plantas carnívoras viciadas na autofagia.


Valquíria

5 comments:

  1. SIIIIM SENHORA, AISTO CHAMO UM SENHOR TEXTO...

    SUUUUrriisnhos:)

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  2. somos.
    também
    e não apenas.

    Sublime & Awesome
    & also
    just ashes in the wind

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  3. gracias a ti
    por postares...

    (e pela música...)
    *

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