Saturday 6 September 2008

DE MIM E DE TI


Recortes de palavras dos meus livros predilectos. Colados em saliva pastosa que escorre, lentamente, entre vales carnudos de sangue, sobre terreno liso como seda, branca de pureza sem fim. E, no interior dos teus olhos, salgada água que, sem querer, escapa explodindo o teu sensível ser. Podias deixar de me amar e de queimar tudo o que te é querido para me lançares sinais de fumo que constantemente ignoro. Leste em tempos livros predilectos em mim que te feriram e que te amaram. Tens agora de mim leves recordações que pensas amar, memórias de inexistentes momentos, de sonhos que confundes com uma realidade, de uma utopia tão irreal quão afiadas são as lâminas que me cortam.

Abruptamente escrevo sobre ti com palavras ultra-violentas, violento-te. Tento sentir esse poder de, violentamente, invadir um corpo com força inumana, presente apenas na animalesca força do masculu. Tenho vontade de o canibalizar para nele me tornar, num filho da violência, intermitência.

(Uma conjuntura óssea, desmaterializa-se pelo fogo, num crematório pessoal. A inferiorização intelectual, o espectro anal, carnal, bifurcal.)

Valquíria

1 comment:

  1. recortes de palavras, de memórias, de sonhos.... Utopicamente reais.... Verbalizar o animal....

    Está lindo, um texto potente..... :)

    Blood Kisses

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